As Ricas Horas do Duque de Berry

As Ricas Horas do Duque de Berry
As Ricas Horas do Duque de Berry. Produção dos irmãos Limbourg - séc. XV. Mês de julho

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Há 70 anos: Os bombardeios nucleares contra Hiroshima e Nagasaki

O desfecho da guerra no Pacífico foi o ataque nuclear contra o Japão, momento ímpar, ápice do Projeto Manhattan, cujo início foi ordenado pelo presidente Franklin Roosevelt, depois de receber uma carta do físico alemão Albert Einstein, que estava exilado nos EUA, em virtude da ascensão do regime nazista. Einstein informava a existência de pesquisas significativas sobre energia nuclear que se desenvolviam na Alemanha, lideradas pelo físico Werner Heisenberg (discípulo do físico dinamarquês Niels Bohr e ganhador do Prêmio Nobel em 1932) e diretor do Instituto Kaiser Wilhelm, de Berlim.

O governo dos EUA montou um laboratório secreto em Los Alamos, no deserto do Novo México, com os físicos Enrico Fermi e Robert Oppenheimer no Projeto Manhattan. Mas ainda existiam riscos, porque Niels Bohr continuava suas pesquisas na Dinamarca ocupada pelos nazistas. (Bohr tinha se aproveitado da confiança que lhe tinham os alemães para acolher pesquisadores judeus refugiados, de modo que conseguia trabalhar e ajudar colegas em dificuldade.) O rei da Dinamarca Cristiano X (1870-1947), que era amigo de Bohr, conseguiu convencê-lo a participar de um plano de fuga para a Suécia e de lá seguir para Londres, em 1943. Integrado à equipe de Los Alamos, hesitou muito em participar da produção da bomba, pois era um convicto defensor do pacifismo. Apesar disso, percebeu que era importante contribuir e, por fim, integrou a equipe.



Por decisão do presidente dos Estados Unidos Harry Truman (vice-presidente que assumiu com morte de Roosevelt em abril de 1945) em 6 de agosto de 1945, atacou-se a cidade de Hiroshima com uma bomba de 15 quilotons, o equivalente a 15 toneladas de dinamite, apelidada Little Boy (garotinho, em inglês). Até dezembro de 1945, havia 140 mil óbitos, entre eles, 20 mil militares, dados que incluem as mortes causadas pelo ataque e pela contaminação.

Em 9 de agosto, Nagasaki foi atacada por uma bomba maior, de 20 quilotons, esta chamada Fat Man (homem gordo, em inglês). Com os mesmos critérios, havia 70 mil mortos até dezembro de 1945.
Ambas as cidades foram quase totalmente arrasadas. Do centro da explosão, onde a temperatura era de vários milhões de graus Celsius, até um raio de 3,5 km, com 300 mil graus centígrados, a onda de calor e radiação pulverizou tudo. Aqueles que sobreviveram à explosão por estar mais distantes do ataque foram contaminados e morreram lentamente, em virtude da exposição à radiação. Outros, uma vez contaminados pela radiação, sentiram seu impacto durante anos, acometidos de vários problemas de saúde, especialmente diversos tipos de câncer.

Em 15 de agosto de 1945, o imperador Hiroíto (1901-1989) fez um pronunciamento no rádio ordenando a imediata deposição das armas e reconhecendo publicamente que era “apenas um ser humano, e não uma divindade”, conforme a crença tradicional do Japão. Mais tarde, em 2 de setembro de 1945, a bordo do porta-aviões estadunidense USS Missouri, o Estado-Maior japonês capitulava definitivamente, assinando a paz e começando a reconstrução sob a tutela dos EUA, ali representados pelo general Douglas MacArthur até 1951. Assim se consolidava a posição estadunidense no Extremo Oriente, já compondo o cenário da Guerra Fria, tendo o Japão se tornado uma monarquia constitucional diretamente aliada ao ocidente e ao capitalismo. (MacArthur foi o responsável pela elaboração do texto-base aprovado pelo Parlamento japonês.)



E por que duas bombas? Seria o Japão uma ameaça tão grande assim? Apesar de já estar em curso um processo de pacificação e de ser certo o encerramento do conflito, as duas bombas eram uma contundente demonstração de força para a URSS, que, embora tenha feito parte do grupo Aliado, finda a Guerra, passou a se portar como potência mundial e parte significativa do jogo de poder da Guerra Fria.
A Segunda Guerra Mundial se encerrou com um altíssimo saldo de mortos – entre números controversos de várias fontes, oscila entre 40 e 60 milhões.


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